sexta-feira, 8 de março de 2013

" SE..." escrito por Rudyard Kipling e traduzido por Guilherme de Almeida



“SE...”

Se és capaz de manter a tua calma quando
   Todo mundo ao redor já a perdeu e por isso, te culpa,
De crer em ti quando estão todos duvidando
   E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
   Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre do ódio te esquivares,
   E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires;
   De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
   Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
   Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas;
   E refazê-las com o bem pouco que te reste,

Se és capaz de arriscar numa única parada
   Tudo quanto ganhaste em toda tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
   Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
   A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exausto, contudo
   Resta a vontade em ti, que ainda ordena: Persiste !

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes;
   E, entre Reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
   Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
   Ao minuto fatal todo seu valor e brilho:
Tua é a Terra com tudo que existe no mundo,
   E – o que ainda é muito mais – és um homem, meu filho !

Escrito por Rudyard Kipling
Traduzido por Guilherme de Almeida


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